Crônica sobre o Dia Nacional da Juventude
Santa Maria/RS 2014
Hilário Dick
Santa Maria/RS 2014
Hilário Dick
Quando Simone, Silon, Dudu e eu pegamos a estrada para Santa Maria, sabíamos que nos esperava muita chuva, buracos, horizontes imensos, bobagens, risos, curiosidades, informações turísticas e muita curiosidade em ver quem se encontraria no Dia Nacional da Juventude dos grupos de jovens da Pastoral da Juventude do Rio Grande do Sul. E assim se fez.
- Logo mais vamos pegar chuva! dizia Silon.
- Dudu, primeira vez que vais a uma “coisa” dessas?
- Já passamos aqui – dizia Simone.
Eu, quase não falava. Admirava as curvas, chamava a atenção para o buraco que já passáramos e sonhava:
- O que será este Encontro?
- Dudu, primeira vez que vais a uma “coisa” dessas?
- Já passamos aqui – dizia Simone.
Eu, quase não falava. Admirava as curvas, chamava a atenção para o buraco que já passáramos e sonhava:
- O que será este Encontro?
Os grupos haviam refletido o lema “Feitos para sermos livres e não escravos” e estavam indo para muitas estradas que levam a Santa Maria, pensando com Jeremias que é preciso praticar a justiça e o direito e livrar o oprimido das mãos do opressor.
- Coitada dessa gurizada que vai viajar de 5 a 6 horas, no meio de baldes de chuva! dizia a Simone.
- Assim que é bom, respondia Dudu. Jovem gosta é de aventura...
- Coitada dessa gurizada que vai viajar de 5 a 6 horas, no meio de baldes de chuva! dizia a Simone.
- Assim que é bom, respondia Dudu. Jovem gosta é de aventura...
No meio da chuva acompanhada de raios e trovões, chegamos. A Tauana até fora falar com o motorista do ônibus, perguntando se tudo estava bem. Não ficou claro se quem tinha medo era a Tauana ou o motorista...
A coordenação da Pastoral da Juventude havia solicitado que eu falasse algo do sentido e da história do Dia Nacional da Juventude. Quando vi a meninada, reunida naquele espaço grande, fervilhando como abelhas alegres por se encontrarem, pensei:
- Como fazer que me escutem?
- Como fazer que me escutem?
Senti que todos estavam alegres, mesmo não tendo eles e elas dormido a noite toda, viajando em meio aos raios. Não sabia quando era para falar, mas a Débora veio e me disse, quando a meninada ainda não sabia que talvez tivessem que escutar alguém:
- Venha, diga umas palavras de saudação...
E ela acrescentou:
- Bem curtinho.
Débora é minha confessora... Depois de uns quantos, falei dois minutos. Logo após, debaixo de guarda-chuvas e com muita disposição, a meninada foi encaminhada para o santuário de Nossa Senhora Medianeira. A igreja cheia... Um e outro mais adulto olhava arregalado para toda esta meninada e não acreditou que uma missa com jovens poderia ser tão bonita. Cantos, palmas, dança, bispo falando, jovens falando.
- Que bem que falou este menino! dizia aquela senhora para o seu marido.
- Venha, diga umas palavras de saudação...
E ela acrescentou:
- Bem curtinho.
Débora é minha confessora... Depois de uns quantos, falei dois minutos. Logo após, debaixo de guarda-chuvas e com muita disposição, a meninada foi encaminhada para o santuário de Nossa Senhora Medianeira. A igreja cheia... Um e outro mais adulto olhava arregalado para toda esta meninada e não acreditou que uma missa com jovens poderia ser tão bonita. Cantos, palmas, dança, bispo falando, jovens falando.
- Que bem que falou este menino! dizia aquela senhora para o seu marido.
E assim foi. E a missa, sempre abençoada pela chuva da Medianeira, acabou e voltamos para aquele espaço grande, desviando das águas correndo na rua. Quem ficou nervoso, então, fui eu:
- Será que tenho que falar mesmo?
- Será que tenho que falar mesmo?
Veio Betina, veio Débora, veio Carlos, veio Alberto, vieram vários e disseram:
- Vai ser agora...
Emocionado, tentei começar a minha fala. Até cantei gregoriano para ver se aquele enxame enorme, vindo de quase todas as dioceses do Rio Grande do Sul, se aquietava. E ele se aquietou. Iniciei dizendo que é mais feliz quem é dono de sua história. Aliás, acentuei dizendo que “é feliz quem sabe a sua história”. Me lembro que disse que precisamos ser bíblicos, cultivando a memória. Aliás, foi o que aprendi do Papa Francisco. Claro que falei a frase de Che Guevara: “Um povo sem memória é um povo sem coluna vertebral”. Contudo, recordar a história do Dia Nacional da Juventude em nível de Brasil e de Rio Grande do Sul não é só lembrar um evento, mas recordar um processo vivido com subsídios, liberação de jovens, escolas de juventude, instituições de formação, com milhares de grupos se encontrando de diversas formas, em muitos lugares.
- Vai ser agora...
Emocionado, tentei começar a minha fala. Até cantei gregoriano para ver se aquele enxame enorme, vindo de quase todas as dioceses do Rio Grande do Sul, se aquietava. E ele se aquietou. Iniciei dizendo que é mais feliz quem é dono de sua história. Aliás, acentuei dizendo que “é feliz quem sabe a sua história”. Me lembro que disse que precisamos ser bíblicos, cultivando a memória. Aliás, foi o que aprendi do Papa Francisco. Claro que falei a frase de Che Guevara: “Um povo sem memória é um povo sem coluna vertebral”. Contudo, recordar a história do Dia Nacional da Juventude em nível de Brasil e de Rio Grande do Sul não é só lembrar um evento, mas recordar um processo vivido com subsídios, liberação de jovens, escolas de juventude, instituições de formação, com milhares de grupos se encontrando de diversas formas, em muitos lugares.
A celebração do Dia Nacional da Juventude, no Brasil, começou em 1985, em grande parte por reação com a forma como a TV Globo quis celebrar o Ano Internacional da Juventude. Tomando nas mãos problemáticas concretas vividas pela juventude, os temas dos DNJ´s sempre foram missionários: a Nova Sociedade, a Terra, a Educação, o Trabalho, a Cidadania, as Políticas Públicas de Juventude – assuntos que nem sempre agradavam algumas autoridades.
No Rio Grande do Sul celebrou-se o DNJ durante os 29 anos de sua existência em nível de paróquia, de diocese e de Estado. Em nível de Estado, houve cinco encontrões, nestes anos, sempre com muita juventude. Na média 45 mil. Era bonito de se ver... Valia a pena comer muita poeira para a gente se encontrar em Passo Fundo, em Santa Cruz do Sul, em Santa Maria e em Canoas... O que valia era a união de fé e vida; de fé e política, de realidade social e espiritualidade. Enfim, somos um povo que caminha em sua integralidade. Deus não nos fez para rezarmos somente nas sacristias...
Por isso não deixei de falar que o DNJ é uma expressão do modelo de Igreja que a Pastoral da Juventude acredita; uma Igreja que quer ser encarnação do Reino e inserção na realidade, também através do testemunho e da celebração. Não é a Igreja que deve ficar na sacristia, mas é preciso que a sacristia se desloque para o mundo. Sendo tema desse Dia a Defesa da Vida, precisamos dar-nos conta de que assim como cresce a consciência da dignidade humana, cresce igualmente a possibilidade da maldade onde o outro se torna, cada vez mais, objeto, especialmente através do capitalismo e do neoliberalismo. Para quem defende a vida, ninguém pode ser usado como objeto.
Após muitas recordações, cochiladas; após ver muita água; após encontrar tanta gente; após ter podido viajar nos mares da vida e celebrar uma juventude que é e sabe ser muito bonita; após confirmar-nos que a juventude é coisa de Deus, Silon, Simone, Dudu e eu chegamos aos abraços e agradecimentos pela convivência. A Kaká foi bem espontânea:
- E vocês já voltaram?
- E vocês já voltaram?
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