1ª
Concentração Diocesana da Juventude de Chapecó (SC)
22/9/2985 – Ano Internacional da Juventude
Faz 10 anos da páscoa do
santo profeta da esperança, Dom José Gomes. A ele, nossas homenagens por toda a
sua atuação na Igreja da Diocese de Chapecó, e as eternas gratidões por ter nos
ensinado, através de seu testemunho, a estar na construção permanente do Reino.
“Quero dizer a vocês que o sermão já está feito. O Bispo
pode calar... Então eu pergunto agora a quem ouviu este jovem falando se
podemos ou não confiar no jovem? [Jovens: “Sim!”].
Se podemos ou não confiar nele por que ele é capaz de construir a nova
sociedade?
Podemos confiar em vocês! Eu digo o porquê. Porque aqui
está a realidade daquilo que o jovem é capaz: a organização toda dessa
concentração, da celebração do dia 22 do ano Internacional da Juventude; a
concentração da juventude foi obra exclusiva das comissões dos jovens que se
organizaram e vinham se estruturando a longo tempo. Aqui está a prova de que o
jovem é capaz, de que o jovem tem coragem, que o jovem tem organização.
Eu só queria perguntar como é que vocês conseguiram
esses mais de 200 ônibus e caminhões que vieram aqui? Com que patrocínio?
"Com dinheiro nosso", gritam o jovem. Aí está a força da juventude.
Aí está aquilo que eu dizia no início diante de uma multidão de jovens ou
diante de uma juventude que se levanta em todo o Brasil.
É claro que tem aqueles que vão dizer que esses jovens
são subversivos, que esses jovens são comunistas, que esses jovens são
“marolados” pela Igreja e pelos partidos extremistas. Eu pergunto: o que une
vocês aqui: é Cristo ou é alguma coisa diferente? [“É Cristo!”]. É Cristo e seu Evangelho? [“É!”].
São essas palavras que vocês leram aqui que Cristo disse
para vocês: “Ide e curai os doentes; ressuscitai os mortos, purificai os
leprosos”. É isso que os une aqui? [“É!”].
Tá certo... Mas Ele também disse outra coisa muito
séria: “Expulsai os demônios. Expulsai o mal”. Vocês têm coragem de descobrir o
mal e os demônios dentro de nossa sociedade? [“Temos!”]. Então o evangelho vos dá força para procurar onde está
o mal em nossa sociedade; onde estão as estruturas que roubam a liberdade do
jovem, de saber, se organizar, de lutar por aquilo que é um direito sagrado
para todo o homem e para todo aquele que é, e todos são, filhos de Deus.
Então, meus caros jovens, prezados ouvintes, é
preciso ter confiança nessa juventude; é preciso ter fé nela; é preciso
dar-lhes o apoio porque eles têm o entusiasmo, eles têm a força, eles têm a
capacidade de lutar para que se faça uma nova sociedade, capacidade de lutar
por aquilo que o Evangelho disse: “Ide e anunciai em toda a parte que o Reino
de Deus está no meio de vós”. O Reino de Deus está convosco, está em vossos
corações pela graça do Espírito Santo, pela força de Jesus Cristo e pelo amor
do Pai. O Reino de Deus deve ser construído, e nós sabemos que o mal, o inço, a
cizânia, disse Cristo, é sempre semeada no meio do seu povo. Nós temos que ter
essa força de descobrir essa cizânia, esse inço, essa maldade. E temos que ter
força e olhos abertos, os ouvidos atentos e sermos capazes de descobrir aquelas
estruturas injustas que marginalizam o homem, que faz o homem doente, que faz o
homem morto, que faz o homem leproso.
Doente nem é preciso falar. É só perguntar a vocês: o
que faz o FUNRURAL em favor dos doentes da colônia? [“Nada!”]. O que faz o INPES com os operários da cidade? [“Nada!”]. E os mortos pela fome, os mortos pela miséria, os desligados da
sociedade e os marginalizados... Estes todos doentes, e os Sem-Terra, e os
atingidos futuramente pelas barragens... Vocês aceitam que eu digo que vocês
são futuramente atingidos por barragens? [“Não!”].
Vocês já disseram “barragens nunca”. Pois, meus amigos, se eles, com suas
forças, com as suas tecnologias, com o mando dos imperialistas do Norte,
quiserem construir barragens, então nós teríamos que o povo fosse esmagado, que
o povo estivesse morto, que o povo não tivesse coragem! [...]
E eu tenho que bater no peito também, né, ao apelo que o
jovem fez no final. Nós da Igreja que não acompanhamos o Evangelho, que não
interpretamos o Evangelho, eu reflito nessas palavras, pediria que comigo,
todos os sacerdotes pensassem nesse Evangelho e nesse compromisso que nos foi
dado, nesta chamada que esse jovem nos deu. Bater no peito e estar com os
Sem-Terra, com o negro, com o caboclo, com todos aqueles nossos irmãos, também,
que de 1500 para cá foram destruídos e assassinados, e que hoje são os mais
marginalizados da vida, e que apenas de 5 milhões são 220 mil, se hoje em todo
o Brasil roubaram suas terras, a sua vida, a sua cultura, a sua religião.
Pensamos em tudo isso, batamos no peito e estejamos com esse povo que sofre.
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