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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

SUPERAR BOLSÕES DE DISCÓRDIA SITUAÇÃO DA EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE NO RIO GRANDE DO SUL (FINS DE 2011)

O que se vai ler não é só bonito nem só feio. É como a realidade: bonita e feia. Os comentários, sinceros e fundamentados, talvez nem sempre sejam oportunos. O Evangelho ensina, contudo, que a importunidade também pode ser necessária. Se no anúncio do Evangelho não houver transparência, como Igreja, não se irá longe. A pesquisa que apresentaremos se deve à vontade de implantar o Setor Juventude na Igreja do Rio Grande do Sul. Vão expressos, primeiramente, o reconhecimento a todos/as que permitiram essa pesquisa: Dioceses, Coordenadores de Pastoral, agentes que responderam e, evidente, aos encarregados/as do Setor Juventude da CNBB do Sul 3. Não deixamos de lamentar os/as que não responderam.

VISTORIANDO O CAMPO
1. Em primeiro lugar, fica evidente que não se tem clareza sobre a história do “Setor Juventude” da CNBB, em nível local e nacional. Parece que não se tem consciência ou não que ser quer aceitar que o Setor, a nível nacional, marca presença na Igreja do Brasil há vários anos, desde a extinção da Ação Católica (no final da década de 60), especialmente da Ação Católica Especializada. Na Igreja do Rio Grande do Sul, algo semelhante aconteceu, igualmente. O Padre Quirino Weber S.J. partilhava, na Assembléia do Sul 3, em junho de 2010, a sua experiência de primeiro assessor deste Setor nos anos de 1970 a 1976. Faltava ele recordar os Congressos bonitos que se realizaram com os jovens católicos articulados, apesar de os tempos serem de forte repressão política. Pode-se dizer que este Setor se tornou Coordenação Regional de Jovens (CRJ, no Sul 3) em setembro de 1981, em Santa Maria.
2. Nem todos, na Igreja, concordavam com estas iniciativas do Setor, em nível regional e nacional. Basta recordar que, em nível nacional, foram aparecendo (na mesma época) muitas outras experiências de evangelização da juventude, sendo as mais fortes o EMAÚS, de Mons. Calazans (SP), e o TLC (Treinamento de Liderança Cristã) que se espalhou, também, em várias dioceses do Sul 3. No Sul 3 surgiram “movimentos” semelhantes nos anos de 1974. Além do EMAÚS, o CLJ e o EJC. Observa-se que, ao lado da CRJ, estes “movimentos” sempre formaram “Bolsões” de discórdia. O assunto voltou à baila com intensidade, como algo novo, por ocasião da aprovação do Documento 85, da CNBB – Evangelização da Juventude, Desafios e Perspectivas Pastorais, em 2007 (nº 193 a 202). O desejo que se expressava era um trabalho mais “integrado”, mais “amplo” das diferentes experiências de evangelização da juventude, especialmente pelos “problemas” que eram vistos na forma como as Pastorais de Juventude (de modo especial) caminhavam. Esquecia-se, no entanto, vários esforços destas Pastorais em procurar “caminhar junto” com outras experiências. Prova concreta são e foram os “Encontros de Congregações e Movimentos” em nível nacional e, também, em nível de Sul 3, promovidos pelo IPJ de Porto Alegre. A introdução do “Setor” no Documento 85 foi tão significativa que, muitas vezes, era deixado de lado o todo do documento para dar toda a atenção para alguns parágrafos. Pouco se dão conta, igualmente, que não se tratava de algo “novo”, mas de uma “forma” como era trabalhado o Setor. Uma figura histórica (assessor) que viveu isso na carne foi o P. Gisley Azevedo, assessor nacional do Setor Juventude, assassinado em situação não bem explicada, em Brazlândia (DF).
3. Essa mesma busca de uma maior “integração” das experiências de evangelização da juventude também se encarnou nas preocupações da Igreja do Sul 3, começando-se a sonhar com uma evangelização juvenil que se encontrasse mais, que dialogasse mais e que trabalhasse junto, ao menos nalguns momentos. Até surgiu a idéia de constituir um “Setor” em nível regional, não só nas dioceses. Em maio de 2007 chegou-se a convocar, para isso, uma agente de pastoral que, junto com o sub-Secretário da CNBB, fizesse esse serviço.
De maio a agosto de 2010, este “serviço” pôs-se na rua, com a disposição de “escutar”, carregando no alforje o desejo da implantação do Setor nas dioceses. O “assunto” ficou mais complexo quando o Conselho Superior do Instituto de Pastoral de Juventude (situado em Canoas), resolveu que, em janeiro de 2011, este Instituto seria “redirecionado” por falta de incisividade e de significatividade, em parceria com o Setor Juventude da CNBB Sul 3 . A “escuta” programada tomou, com isso, um aspecto novo e delicado.
4. Foram realizados e vivenciados, 28 diversos “momentos” neste processo de escuta feito pelos encarregados de pensar a construção do Setor Juventude nas dioceses e no Regional Sul 3. Podem ser destacados:
a) encontros com “pessoas”, isoladas, mais e menos comprometidas com a evangelização da juventude, através de algumas experiências ou, então, pelo papel que exercem no campo da “educação”, em geral;
b) grupos comprometidos em iniciativas significativas no campo da formação de lideranças na perspectiva dos que são conhecidos como “grupos de base”;
c) encontros com responsáveis de 4 movimentos que trabalham com jovens;
d) encontros com lideranças da Pastoral Juvenil das Comunidades e da Pastoral Estudantil. Num destes encontros estavam presentes representantes de quase todas as 18 dioceses do Sul 3;
e) encontros com “Instituições” dedicadas ao trabalho com a juventude de diversas formas e com agentes encarregados da Pastoral do Regional Sul 3, reunidos em Assembléia;
f) um encontro com responsáveis de movimentos juvenis de uma diocese, junto com seu bispo.

5. Por ocasião de uma carta-convite para um encontro, no dia 28 de agosto de 2010, houve, ainda, outras reações. Em geral eram de apoio ao evento. As “respostas” vinham, especialmente, de bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, Provinciais e outros. Os emails, em geral, respondiam de forma positiva ou propositiva, mas um deles dizia que para a organização de uma juventude da Igreja, na vivência cristã, isto não vai ajudar em nada, porque vocês estão misturando tudo, até ONG´s, os restos de PJ´s ao lado de movimentos que trabalham há 36 anos, sem interrupção (...) segundo as diretrizes da CNBB e as conclusões de Aparecida. Para nós não interessa ter boas ONG´s, queremos jovens na Igreja, nas missas, cantando e participando com alegria. Outro email dizia: Com toda sinceridade, não sei o que vocês querem com o Setor Juventude regional. Acho tudo confuso, sem clareza na proposta.
6. Fora estas reações “particulares”, podem distinguir-se vários discursos:
a) O discurso da informação. As pessoas falam o que fazem. Assim faz a PJR, o CLJ (em uma das versões), a Trilha Cidadã, o Setor do Vicariato de Gravataí.

b) O discurso da preocupação, especialmente por parte dos jovens das Pastorais de Juventude. Dizem que não se sentem amados na igreja; falam dos cortes dos liberados e da questão financeira, tendo que dividir a ajuda financeira com o Setor. Dizem ter medo de perder a identidade. Na coordenação regional da PJ há preocupação com a formação, com uma rede assessores e com a militância. Expressam-se sobre o que o IPJ representava (pesquisa, formação e assessoria) e sobre os bens adquiridos pelo IPJ (biblioteca, banco de dados etc.). Afirmam que o Setor deve ser um serviço atento às bases, não uma estrutura de comando, mas de serviço: um serviço fiel ao documento 85, isto é, uma articulação no espírito deste documento e que a juventude participe dele. Fala-se da existência de uma estrutura para que os jovens possam se articular. Na formação, referem-se de modo especial ao CAJO e ao Curso de Animadores.

c) O discurso da afirmação. Volta à baila a importância do Curso de Animadores, o reforço ao acompanhamento, chamado de “a grande demanda”, a manutenção do CAJO. Precisa-se de um serviço de articulação.

d) O discurso dos cuidados. Fica evidente que quem mais está sofrendo com a novidade que se apresenta são as Pastorais de Juventude porque os “movimentos” têm outros recursos. Como se dizia na Assembléia da Igreja do Sul 3, solicita-se um carinho especial com as pastorais da juventude por parte dos bispos e padres (...) intimamente ligadas à Igreja. Não podem ser deixados de lado cursos de formação conforme o IPJ assegurava. Fala-se da importância de ter um grupo de assessoria que possa ser presença nas dioceses; da importância da articulação de um conselho, de uma coordenação regional de jovens e de uma assembléia estadual. Dizia um jovem representante de diocese que o que preocupa é que os grupos de base das pastorais de juventude, ligada intimamente à vida da igreja e das comunidades, precisam ser olhados com carinho e atenção.

e) O discurso das sugestões. Destacam-se, ainda, várias falas proferidas na Assembléia da Igreja do Sul 3. Dizia D. Sinésio Bohn que sonhava que este período de transição e mudanças permita melhorar a nossa atuação enquanto Igreja. Faz-se necessária ter uma equipe que pense a sustentação do trabalho; dê suporte para os interdiocesanos, pense um conselho, visualize uma sustentação econômica, disponha de uma equipe de assessoria. Na mesma linha foram discursos de outras dioceses. Não se pode perder o espírito de uma pastoral orgânica, também de juventude. Além da formação, é preciso que o Setor seja um centro de referência para a juventude, que tenha uma equipe de articulação, que haja espaço comum para assessores trocarem suas experiências. Deve ficar claro que modelo de Igreja e que modelo de jovens que se quer construir. Enfim, que cenário de Igreja se quer para nortear esse trabalho com a juventude.

f) O discurso da auto-suficiência. Mesmo que seja um discurso um tanto particularizado, ele marca presença. Um discurso que, aliás, as pastorais estão acostumadas a ouvir... Nós temos a solução: joga tudo fora e todos assumam nossa cartilha que contempla as diretrizes da Igreja (...); a teologia da libertação já está superada; não façam como outros que distribuem camisinhas nos encontros e que estão em grupos e não participam de missa etc.

7. Segundo esta sondagem fica claro que se quer uma evangelização de juventude que, em sua variedade, seja capaz de fazer uma caminhada orgânica, de Igreja, com proposta, mas acima das diferenças. Fica claro que se trata menos de um “Setor” e mais de um “Serviço de Articulação e Animação”, onde todos sejam contemplados e respeitados, assumindo, uma proposta eclesial de evangelização da juventude. Neste momento, o documento 85, da CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, sem ser vítima de uma leitura superficial, é uma necessidade para todos.

ESTUDANDO MAIS A REALIDADE
Fica evidente que a “escuta” efetuada foi uma bênção, mas não respondeu ao desafio. Caíu-se na conta de que não se partiu da realidade nem das experiências existentes. Afirmava-se: a Igreja do Sul 3 precisa ter centros de estudo e investigação da “sua” juventude... Isso é válido para todas as experiências: sente-se falta de dados mais científicos não só da realidade juvenil, mas até do próprio trabalho no campo da evangelização das juventudes, não só para ser “mais amplo”, mas que vise, igualmente, a eficiência. Se o primeiro é abrangente demais, o segundo é uma necessidade, isto é, o levantamento científico e realista das experiências existentes, com seus responsáveis, suas estruturas de apoio em nível de adultos e jovens e, também, de sua localização. A “escuta” tem que tomar o aspecto científico, sob o ponto de vista da ciência e da pastoral. Há aspectos fundamentais que não se discutem, que não são explicitados ou que são ignorados. Isso vale para todas as experiências. Não basta o entusiasmo por uma experiência; exige-se fundamentação, especialmente pedagógica e teológica. Isso se deu até maio de 2010.
8. Fonte de leitura. Em maio de 2011 um grupo convidado pelo Setor Juventude do Sul 3 decidiu realizar, por isso, uma pesquisa sobre a situação da evangelização da juventude no Sul 3. Aprovou-se, para tanto, um projeto apresentado e, depois de algumas contribuições, aprovou-se, igualmente, o questionário a ser aplicado em todas as dioceses e vicariatos, considerando as “foranias” ou as áreas pastorais.
A análise que apresentamos se baseia: 1) em 7 questionários de 4 vicariatos; 2) em 12 questionários de 12 foranias das 4 dioceses do Inter-Norte; 3) em 19 questionários de 19 “foranias” ou áreas pastorais de 3 dioceses do Inter-Leste; 4) em 9 questionários de 9 “foranias” ou áreas pastorais de 2 dioceses do Inter-Sul; 5) em 26 questionários de 26 “foranias ou áreas pastorais de 4 dioceses do Inter-Centro. Um total, portanto, de 73 questionários correspondentes a “foranias” ou “áreas pastorais” de 4 vicariatos e 13 dioceses. Não vieram respostas das dioceses de Pelotas, Novo Hamburgo, Cachoeira do Sul, Santa Maria e Montenegro. Podemos dizer que nos faltariam as respostas de cerca de 22 foranias. A representatividade de 76% das foranias, contudo, é significativa. Um pormenor que pode ser importante é que as respostas recebidas tem nome e endereço, seja de leigos/as seja de padres.


Comparando as respostas de leigos/as e padres, o quadro é o seguinte:
Dioc/Vic Leigos/as Padres
Inter-Sul 22,2% 77,7%
Inter-Leste 26,6% 73,3%
Inter-Centro 37,0% 62,9%
Inter-Norte 18,1% 81,8%
Vicariatos 28,5% 71,4%
Média 26,4% 69,8%

Acrescentamos esse quadro porque, segundo outros levantamentos, a percentagem dos/as assessores de evangelização da juventude (não só da Pastoral da Juventude), em todo o Brasil, e também no Sul 3, na grande maioria, é de leigos/as, o que não acontece na percentagem das respostas conseguidas na nossa pesquisa. Segundo um cadastramento nacional de assessores/as de juventude, feito há pouco tempo, abrangendo os 17 Regionais da CNBB, entre os 711 que se cadastraram, 73,4% são leigos. Do Sul 3 cadastraram-se 71 agentes, sendo 70,4% de leigos/as. Além disso, chama a atenção que as respostas ao nosso questionário, da diocese de Cruz Alta, 100% são de leigos/as (de um dos movimentos da diocese) e as de Frederico Westphalen, 100% são de padres. Em todo o caso, ao todo, 27,3% são respostas de leigos/as e 69,8% são de padres.
Algumas dioceses enviaram, além disso, suas agendas diocesanas ou seus “guias” diocesanos e se pode ver, p.ex. a) que a diocese de Bagé tem coordenação da Pastoral da Juventude com seu padre referencial, sendo o serviço de animação vocacional e evangelização da juventude uma das prioridades; b) que a diocese de Vacaria fala do referencial do Setor Juventude; c) que a diocese de Santa Cruz do Sul tem o “Centro da Juventude e dos Adolescentes” com seu assessor e jovem liberado; d) que, em Santo Ângelo, no dia 17 de julho de 2011, o Setor Juventude realizou um encontro com 80 jovens representando 10 experiências de juventude, entre elas a Juventude Marista, a Juventude Verzeriana e a Pastoral da Juventude; e) que na diocese de Passo Fundo, entre as nove Pastorais consta a Pastoral da Juventude, mas além disso, existe o Movimento Onda, o Curso de Liderança Juvenil, o Cursilho Jovem e a Juventude da Renovação Carismática Católica; que a diocese de Montenegro tem o Setor Juventude com um referencial para o Curso de Liderança Juvenil e um referencial para o que eles chamam de “grupos de base”.
Outro quadro da proveniência das respostas é o seguinte:
Dioceses Respostas %
Bagé 4 Inter-Sul = 12,3%
Rio Grande 5
Osório 2 Inter-Leste = 23,2%
Porto Alegre 10
Caxias do Sul 5
Santo Ângelo 7 Inter-Centro = 34,2%
Cruz Alta 5
Santa Cruz do Sul 11
Uruguaiana 3
Erexim 3 Inter-Norte = 17,8%
Fred. Westphalen 6
Passo Fundo 3
Vacaria 1
Gravataí 3 Vicariatos = 10,9%
Canoas 2
Guaíba 3

9. Levantamento das experiências de evangelização da Juventude. Como afirmamos, faremos nossa análise dos dados segundo os quatro Inter-Diocesanos (inter-Sul, inter-Leste, inter-Norte e inter-Centro) e os Vicariatos .
9.1 Dados do Inter-Sul:
Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Total
Bagé 2 10 16 - - - - - - 3 - - 1 34 66
R.Grande - 4 4 2 11 - - - - 6 - 1 5 - 33
Total 2 14 20 2 11 - - - - 9 - 1 6 34 99

Leitura: Este quadro mostra que a diocese de Bagé tem 02 grupos de CLJ; 10 grupos de Emaús; 16 grupos da PJ (de base); 3 grupos de outra experiência; 01 grupo de estudantes; 34 grupos de outras experiências e 5 Congregações que trabalham com educação. Um total de 66 grupos. No ano 2.000 a diocese tinha 39 grupos de jovens, sendo 94,8% das Pastorais de Juventude; hoje significam 24,2%.Significativo o número de “outros grupos”.
Segundo as respostas, a diocese de Rio Grande tem 33 grupos de jovens. Segundo uma pesquisa realizada no ano 2.000, Rio Grande tinha 72 grupos de jovens, sendo 65,0% das Pastorais de Juventude; hoje significam 12,1%. Significativo, também, o número dos grupos não articulados.
As duas dioceses do inter-Sul contam, pois, com 99 grupos. O que chama a atenção é que 34,3% dos grupos desse Inter-Sul não têm “identificação” e o que os grupos de base (da Pastoral da Juventude) significam 22,2% (24,2% em Bagé e 12,1% em Rio Grande). Outro dado é que, na diocese de Rio Grande, 33,3% dos grupos não têm identificação com alguma organização juvenil.
9.2 Dados do Inter-Leste
Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Total
Caxias - 2 22 8 2 - - - 2 2 1 2 1 - 42
P.Alegre 33 2 25 2 5 2 2 5 2 8 - 86
Osório 3 6 7 1 7 3 8 - 35
Total 33 7 47 16 14 2 1 2 7 11 12 10 1 - 163
Leitura: Considerando que estamos diante de dados vindos de 19 foranias ou áreas pastorais, com 163 grupos, a média por forania é de 8,5 grupos. Trata-se de uma região “metropolitana”, com duas cidades de população significativa: Porto Alegre e Caxias do Sul. Pena que faltem os dados da Diocese de Novo Hamburgo e Montenegro. Talvez o quadro mudasse um pouco.
Resumidamente, há, no Inter-Leste, 33 grupos de CLJ, 07 grupos de Emaús, 43 grupos da Pastoral da Juventude (grupos de base), 16 grupos de RCC, 14 grupos sem articulação, dois grupos de PJE, hum grupo de PJR, dois grupos de Cursilho Jovem, sete grupos do Cenáculo de Maria, 11 outras experiências, 12 outros grupos e hum grupo de colégio. Não é preciso ser grande analista para nos dar conta que estamos diante de um “Inter” que é desafiador. Basta olhar o número de grupos destas dioceses em 2000, e agora. A diocese de Osório tinha, então, 104 grupos de jovens. Hoje, 35. Porto Alegre é um caso à parte. Ela foi desmembrada de modo violento. “Perdeu” a atual diocese de Montenegro, o vicariato de Canoas, o vicariato de Gravataí, o vicariato de Guaíba e o Vicariato de Camaquã. Compreende-se que uma diocese que tinha (em 2000) 377 grupos de jovens, agora conta com 86. Teremos que ver os dados que oferecem os Vicariatos.
9.3 Dados dos Vicariatos
Há vicariatos que tem bispo e outros, não. Demos uma olhada nas respostas:
Vicariato 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Total
Canoas 11 - 4 1 4 3 - - 1 5 - - 3 - 29
Guaíba 5 - 1 2 1 - - - - 3 - - - - 12
Gravataí 12 - 12 4 2 4 - - 7 7 2 3 - - 79
Total 28 17 7 7 7 - - 8 15 2 3 3 - 120

Esse o quadro. É preciso ter presente, para entender os dados, o questionário que foi aplicado (Anexo). Um dado que pode chamar a atenção é o dos grupos sem nome ou sem articulação (= 10). Outro dado: é a primeira vez que os grupos do CLJ superam os grupos das Pastorais da Juventude (28 a 24). Evidente que faltam os dados da diocese de Montenegro para, talvez, fazermos uma comparação com a situação do ano 2000. Os dados “frios”, contudo, são estes. Parece que o Vicariato mais “vivo” e mais articulado, é o de Gravataí.
9.4 Dados do Inter-Norte
O Inter-Norte tem uma história bonita na perspectiva da evangelização da juventude. Chegou a vez de olhá-lo nos dados que oferece, atualmente.
Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Total
Vacaria 14 - 7 - - - 7 8 - - - - - - 36
Frederico W. 15 5 4 2 9 - - - - 1 - - - - 36
Erexim - - 40 1 2 - - 8 - 2 3 1 5 - 62
P.Fundo 5 - 9 - 6 2 - 2 1 - 4 1 3 - 31
Total 34 5 60 4 17 2 7 18 1 1 7 2 8 - 165

No ano 2000, o Inter-Norte contava com 787 grupos de jovens. A diferença é clamorosa. O que houve? Enganos de números? As Pastorais de Juventude, contudo, ainda são a experiência que tem mais grupos, destacando-se Erexim. O CLJ seria a segunda “força” (60 x 34). Destacam-se, também, o Cursilho Jovem e os grupos não-articulados, principalmente na diocese de Frederico Westphalen. O que se verifica, pelo resgate das visitas dos encarregados do Setor Juventude do Regional, é que há boa vontade, e alguma confusão. Na Diocese de Frederico, p.ex. não existe uma Comissão de Juventude, mas existe o “Setor Laicato” onde consta o CLJ, o Emaús e a RCC, mas existe também o Setor Juventude com um acento na Equipe Diocesana de Pastoral dos Adolescentes e uma Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude. Em Erexim destacou-se, na conversa, o giro diocesano da Pastoral da Juventude.
Os dados concretos em questão de grupos de jovens são estes. Um “Inter” que há 11 anos contava com 787 grupos, hoje conta com 165.
9.5 Dados do Inter-Centro
Não responderam as dioceses de Cachoeira do Sul e, de alguma forma (como veremos), Santa Maria. Vamos aos dados.
Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Total
Uruguaiana - - 5 7 - - - 5 - 6 3 32 - 6 63
S. Cruz do Sul - - 34 9 16 3 3 - - 7 - 11 2 7 92
Cruz Alta 2 20 1 10 37 - 4 - - 74
S. Angelo - 13 18 1 1 8 - 2 - 3 - - 3 20 69
S. Maria - - - - - - - - - - - - - - -
Total 2 13 77 18 27 11 3 7 - 53 3 47 5 13 298

As respostas do Inter-Centro, como dos outros “Inters”, são sérias, mas chamam a atenção alguns aspectos: a) a aparente “pressa” ou ligeirice nalgumas respostas. Valem como exemplo algumas respostas da diocese de Cruz Alta; b) a impressão que, mais do que ir atrás dos dados da realidade, o que importa é que a implantação do “Setor” é a solução que já está encaminhada. A diocese de Santo Ângelo, p.ex. anexa a organização do Setor, incluindo os grupos de crismandos e 15 experiências, formando um total de 43 grupos (destacando-se os grupos de Emaús e Pastoral da Juventude) quando, pelo preenchimento dos questionários, os grupos são 69. Os dados da realidade não parecem importantes; c) mais estranha é a resposta da diocese de Santa Maria que, em vez de responder ao questionário enviado pelo Setor Juventude da CNBB do Sul 3, devolve uma folha com a programação da 1ª jornada diocesana da juventude, realizada em 17 de abril de 2011, e a solicitação de que os Coordenadores Diocesanos repassassem uma carta de D. Eduardo Pinheiro e do P. Carlos Sávio Ribeiro, do Setor Juventude da CNBB de Brasília, não fazendo menção nenhuma à solicitação da CNBB regional; d) não há explicação por que a diocese de Cachoeira do Sul não respondeu; e) chama a atenção que na diocese de Uruguaiana haja 32 grupos de jovens, sem nome, mas que se reúnem com certa freqüência e que, na diocese de Santo Ângelo, com 69 grupos, haja 20 outras experiências de grupo. Seria reflexo da “ligeirice” das respostas, não pesando uma informação mais “realista” (científica)? e) Por outro lado, constata-se que a diocese de Santo Ângelo, relacionada com o levantamento de 2.000, registra um “déficit” de 167 grupos; a diocese de Uruguaiana, um “superávit” de 22 grupos; a diocese de Santa Cruz do Sul um “déficit” de 207 grupos e a diocese de Cruz Alta com um “déficit” de 117 grupos.
10. Visão Geral. Na perspectiva de grupos de jovens na Igreja do Rio Grande do Sul, o quadro que se oferece é o seguinte:
Experiência Inter Sul Inter Leste Vicariatos Inter Norte Inter Centro Total
CLJ 2 33 28 34 2 99
Emaús 14 7 - 5 13 39
PJ 20 47 17 60 77 221
RCC 2 16 7 4 18 47
N. Art. 11 14 7 17 27 76
PJE - 2 7 2 11 22
PJR - 1 - 7 3 11
C. Jovem - 2 - 18 7 27
C. Maria - 1 8 1 - 10
Outra 9 11 15 1 53 89
Outra 2 - 12 2 7 3 24
Dispersos 1 10 3 2 47 63
G. Colégios 6 1 3 8 5 23
Outras 3 34 - - - 13 47
Total 99 156 97 166 279 797

Esses são os dados “duros”. Considerando as não-respostas, podemos dizer que existem, no Sul 3, em final de setembro de 2011 cerca de 1.100 grupos de jovens. O que importa acentuar, ainda, é que as respostas são sérias, com nome, telefone, email da grande maioria dos informantes. Não estamos brincando com dados. Não se pode deixar de dizer, também, que pode ser percebida certa “truculência”, autoritarismo, falta de transparência, descrédito em partir da realidade e da não-necessidade de buscar novas medidas. Não deixa de ressoar a frase dita por uma autoridade: preciso lhe dizer que para a organização de uma juventude da Igreja, na vivência cristã, isto não vai ajudar em nada, porque vocês estão misturando tudo, até ONG´s, os restos de PJ´s ao lado de movimentos que trabalham há 36 anos, sem interrupção, com centenas de grupos, com grande experiência, segundo as diretrizes da CNBB e as conclusões de Aparecida.Em todo o caso, é uma pena que dioceses como Pelotas, Novo Hamburgo, Santa Maria e Cachoeira do Sul não tenham respondido. Na certa, não por falta de interesse das juventudes. Há agressividades, há rejeições, muito mais vindas de “cima” do que de “baixo”, em vários cantos de nosso Regional, de alguma forma, e por razões diversas, em todos os “Inters”.
OUTROS DADOS
11. Presenças evangelizadoras. Vamos dar uma olhada a duas outras questões do questionário: uma, perguntava sobre as Congregações Religiosas que trabalham com educação na sua diocese ou área (A); a outra perguntava se há, na diocese (área), alguma instituição especificamente dedicada à evangelização da juventude (B). Tratava-se de ver a existência de “estruturas de apoio” para o serviço com a juventude. Perguntas aparentemente “laterais” tomam, no entanto, feições importantes de serem percebidas. Mesmo que o “levantamento” não seja completo, é sintomático.
No Inter-Norte, p. ex. encontramos as Irmãs de São José (Vacaria), os Maristas e as Franciscanas (Erexim), as Irmãs Notre Dame e as Salvatorianas (P.Fundo), as Filhas do Amor Divino e os Oblatos (Palmeira). Quando as respostas falam de “instituições” especialmente dedicadas à evangelização, o que aparece é a Pastoral da Juventude (?) (Marau e Casca), os Tios que acompanham os movimentos (P.Fundo). Surgem algumas perguntas:
1) pq não se fala dos capuchinhos (especialmente Marau) nem dos franciscanos (Três Passos, com escolas para os jovens da roça em Braga?
2) o conceito “instituição” é tão inclaro misturando-se PJ e tios de movimentos e não se fala de tantos assessores e assessoras, de anos e anos? Mesmo que a pergunta não o fizesse, não valeria a pena ter um olhar histórico. Nenhuma memória, p. ex. de uma obra histórica como a ESCAJUR?
No Inter-Centro trabalham, na educação, as Filhas do Coração de Jesus (em cinco lugares), os Lassalistas (Cerro Largo), os Maristas (em quatro lugares), as Salesianas, as Irmãs de S.Catarina, as Ir. Scalabrinianas, as Ir. Div. Providência (em dois lugares), e as Ir.Franciscanas da Imaculada (L. SantaCruz). As instituições citadas que trabalham especificamente com jovens são o Setor Juventude (Cerro Largo, Santo Ângelo), o Movimento dos 72 Peregrinos e o Secretariado de Emaús (Cruz Alta e Tuparendi, e a PJ (Candelária). Um pormenor que, talvez, seja importante, é fazer constar que, deste Inter, das 27 respostas 37% são respostas de leigos, 62% são de padres, ao passo que, da diocese de Cruz Alta as respostas são 100% de leigos e da diocese de Santo Ângelo 42% de leigos e 57% de padres, ao passo que no total das respostas ao questionário 27,3% são de leigos e 67% padres. Perguntas que podem ser feitas: 1) O que significaram, ao menos por um tempo, instituições como o Seminário de Arroio do Meio, a Casa Jesus Maria e José em Rio Pardo, o Movimento em Busca da Paz (Santa Cruz), o significado do TAPA, as históricas Escolas de Juventude da diocese de S. Angelo e de, praticamente, todas as dioceses deste Inter? 2) Se se fala do Setor Juventude ou do Secretariado do Emaús, como instituições, porque não se fala da coordenação histórica da PJ com liberados, com coordenação diocesana, assembléias, eventos massivos de jovens, uma pastoral da juventude com sede, etc.?
Indo para o Inter-Leste, as Congregações que são citadas são os Guanelianos (C.Canoa), os Maristas (duas vezes), as Scalabrinianas. As Filhas do S.Coração de Jesus (duas vezes), S.José de Murialdo, as Murialdinas, os Lassalistas, as Pastorinhas, as Ir. de S.José, as Irmãs do Coração de Maria. As instituições especificamente dedicadas à juventude são o Setor Juventude (Caxias, Partenon e Passo da Areia), a Paróquia Estudantil (Rubem Berta) e os Pobres Servos.
Poder-se-ia perguntar como não aparecem mais Congregações como os Maristas (com a Casa da Juventude, em Vila Nova) e, talvez, os jesuítas que sediaram, por 30 anos, no Bairro Três Figueiras, o Instituto de Pastoral da Juventude (conhecido e utilizado por agentes de todo o Regional – para não dizer mais) e nenhuma referência à Casa da Juventude, dos Padres Josefinos, em Caxias do Sul? Ou se desconhece, ou se quer ignorar ou a memória histórica não faz parte do dia-a-dia dos respondentes. Não estamos diante de uma questão secundária.
No Inter-Sul, as Congregações citadas são as Imãs Scalabrinianas, as Ir. de S. José, os Franciscanos, os Salesianos (duas vezes), os Maristas, as Irmãs de S. Catarina , as Irmãs Teresianas, as Irmãs do Horto, e as Franciscanas de Penitência e Caridade Cristã (Bagé). A única “instituição” que aparece é o Setor Juventude. Vale a mesma pergunta feita anteriormente: se se cita o Setor, por que não as históricas Coordenações Diocesanas de Juventude de todas as duas dioceses, inclusive com liberados escolhidos pelos jovens e assumidos pelas dioceses?
Nos Vicariatos as Congregações citadas são as Ir. S. José, as Franciscanas, Divina Providência (Alvorada), as Ir. S. José Bernardinas, ICM (Guaíba), Franciscanas de Penitência e Caridade (Niterói), Rede Santa Paulina, Lassalistas (Sapucaia). Quanto às instituições, dedicadas à evangelização da juventude, poder-se-ia recordar a permanência do IPJ em Niterói (Canoas), as Casas dos Lassalistas, a Casa das Filhas do Coração de Jesus (Esteio) e, por que não, o Seminário Santo Inácio, em Salvador do Sul e o Seminário São José, em Gravataí.
12. Atividades. Havia, no questionário, duas perguntas sobre as atividades desenvolvidas com os jovens. Vejamos, primeiramente, as que perguntavam: a) além das atividades comuns (reuniões, assembléias...) que atividades os grupos desenvolvem; b) há alguma atividade (que não seja a Crisma) na diocese ou na área pastoral que envolva as diferentes experiências ou tipos de grupos de jovens? Quais?
Procurando a maior fidelidade às respostas, vemos que o Inter-Norte fala que refletem e rezam, que participam na catequese e liturgia, nas celebrações litúrgicas, nas romarias, em eventos culturais, nos conselhos comunitários, em campanhas do agasalho, nas missões populares, na Semana Santa nas comunidades, que visitam obras, asilos e hospitais, estão envolvidos em atividades ligadas ao meio ambiente, realizam o giro diocesano, fazem intercâmbio de grupos, teatros, campanhas de conscientização (droga, meio ambiente), e realizam missão jovem nas escolas.
O Inter-Centro fala do Encontro “Despertar”, dos Encontros de reflexão, dos Retiros, da Jornada Diocesana da Juventude do Movimento dos 72 Peregrinos, fala da participação na festa dos padroeiros, na coleta de alimentos, na Missa Jovem, de retiros e estudo da palavra, Catequese, Liturgia, Encontro do Setor Jovem, Tapetes Corpo de Deus, Visitas a asilos, Partilhas de vida, campeonato de futebol, Pro-jovem sócio-político, Retiros e formações, Formação para a cultura da paz, meio ambiente, Oficinas de reforço escolar, Encontros com estudantes nas escolas, promoções para sustentação do grupo.
O Inter-Leste fala de tardes de integração, Confraternizações, Visita a asilos, panfletagem em shoppings, trabalhos sociais, Cursos de 3 dias, Recolhimentos, Catequese e Crisma, EJC (todas as segundas feiras, reuniões de coordenadores), Oração, formação, lazer, Retiros, Teatro, Ajuda às pessoas carentes, EJA, Vigílias, DNJ, Dias de espiritualidade, Cristoteca.
O inter-Sul fala da Romaria Diocesana da Juventude, do Projeto Semeando – Formação Continuada para a Juventude, Pastoral da Juventude, AJS, Encontrão Paroquial da Juventude, da Legião de Maria que faz visitas, Formação nos Municípios de Mostardas e Tavares, Pré-Missão, Acolhida do Migrante, também universitários.
Dos Vicariatos vieram poucas respostas, mas as que vieram falam de Assistência Social, Esporte, Retiro p/ crisma, Retiro aberto, Palestra de Batismo, Gincanas, Momento Jovem do Vicariato em vez de DNJ.
Perguntou-se, também, se há alguma atividade (que não seja a Crisma) na diocese ou na área pastoral que envolva as diferentes experiências ou tipos de grupos de jovens? Quais? As respostas, no seu todo, foram: Romaria Vocacional, Momento Jovem do Vicariato, Projeto Semeando – Formação Continuada para a Juventude, PJ e CEBI Jovem, Formação com todos os grupos e DNJ, Encontro Geral com Jovens com oficinas, Retiros de área, Onda, Cenáculo, DNJ, encontros preparados pelo Setor Juventude, Pastoral Vocacional, e Coroinhas, Pastoral da Juventude (S. Ângelo só fala do Setor Jovem), Encontrão Diocesano de Jovens, Giro Diocesano, Gincana para adolescentes.
Comentários:
1. Olhar este “mapa” exige muito respeito. Se acreditamos numa “pastoral de processos” é ali, nestas atividades “diárias”, “pequenas”, sem muita repercussão que se dá o crescimento das pessoas e dos grupos. Claro que há eventos mais massivos, mas não são eles que comandam a caminhada.
2. Assim como é atrevimento chamar a atenção para novidades como o “giro jovem”, “missão jovem nas escolas”, “oficinas de reforço escolar”, “cristoteca”, “Projeto Semeando” – Formação Permanente para a Juventude, etc. é um pouco estranho ter que ler que são atividades a Jornada Diocesana da Juventude do Movimento dos 72 Peregrinos (algo privado?), o encontro do Setor Jovem (existe há quanto tempo?), do Momento Jovem do Vicariato (substituindo o DNJ?); é estranho não poder ler nada das Escolas de Juventude, do trabalho das Coordenações Diocesanas de Juventude, do serviço dos liberados que ainda existem etc.
3. Claro que se faz muita coisa, inclusive atendendo as diferentes dimensões da formação integral, mas quem fala da “Semana da Cidadania”, da “Semana do Estudante” – atividades reconhecidas nacionalmente pela CNBB? Será que é preciso provar a presença significativa da juventude nas Romarias da Terra, nas Romarias do Trabalhador, nos Encontros Diocesanos de CEB´s? Por que não se fala disso? Infelizmente parece que os próprios encarregados “pastorais” das dioceses não sabem onde andam os jovens de sua diocese porque também eles não estão presentes em eventos significativos: assembléias, escolas, acampamentos, romarias...
13. Ofertas (de formação e atividades) das áreas ou dioceses. Perguntava-se: Que atividades (mais e menos significativas) a área pastoral ou a diocese oferece aos diferentes tipos de experiências? Citavam-se 5. O quadro que resultou é o seguinte:
Atividades Inter-Norte Inter-Centro Inter-Leste Inter-Sul Vicariatos Total
Retiros 10 12 15 7 7 51 = 69,8%
Formação 10 17 15 8 6 56 = 76,7%
E. Juventude 5 3 11 - 2 21 = 28,7%
DNJ 8 13 11 9 6 48 = 65,7%
E.mais amplos 8 12 11 6 4 41 = 56,1%

Embora todos os dados sejam significativos, é necessário comentar o item das Escolas da Juventude. As “Escolas da Juventude” são uma experiência de formação em três ou mais etapas que, historicamente, funcionaram em muitas dioceses do Sul 3, inclusive em quatro dioceses que não responderam ao questionário. Era uma das razões porque nossa análise falava de silêncios “truculentos”. Mesmo que não sejam 21 as foranias que oferecem ou ofereceram “Escolas da Juventude”, 21 delas se valeram delas. Não se falava disso por que?
14. Investir em quê? Perguntava-se: O que você considera mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou área pastoral? (entre as 7 propostas escolha duas). Falava-se de (1) formação, (2) ajuda financeira, (3) preparo de agentes, (4) ajuda aos jovens a se organizarem, (5) deixar como está, (6) liberar adultos e jovens, (7) cada experiência deve ver isso . Eis o resultado:
Assunto I. Centro I. Leste I. Norte I. Sul Vicariatos Total
Formação 8 10 9 5 5 37
Ajuda financ. 3 3 1 6
Preparo ag. 15 10 9 1 3 38
Ajuda jovens 18 8 6 12 4 48
Como está 1 1
Liberar 5 1 2 8 2 22
Com a exp. 1 1

As respostas não deixam de impressionar porque parecem os gritos que se ouve lidando com os grupos de jovens. Ficam evidentes as três importâncias, mas a que mais deveria chamar a atenção é apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem. O documento 85 da CNBB afirma que uma boa organização é uma verdadeira escola de educação na fé; além disso, a organização é o único instrumento concreto para a formação de protagonistas, pessoas empoderadas e com autonomia. A organização não pode ser para os/as jovens, mas de jovens, acompanhados e não “controlados” nem monitorados por adultos/as.
15. O Setor. Havia duas perguntas sobre o Setor. a) Se o “Setor Juventude” estiver organizado na sua diocese, como ele está organizado? Se “sim”, descreva-o em poucas palavras. b) Para que o Setor Juventude (na diocese) funcione é importante: que haja um responsável nomeado; que haja um responsável jovem eleito pelos jovens e reconhecido pela igreja; que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a); que haja um grupo representativo das experiências, com tempo determinado, indicado pelas experiências.
A. Inter- Norte: A diocese de Erexim diz não ter Setor, e na conversa com o clero e outros responsáveis não deixou entrever algo nesse sentido, mas melhorar a evangelização da juventude. Na diocese de Frederico vive-se o processo de organização. Insistem na organização da Pastoral do Adolescente (igualmente o bispo). Realizaram um encontro para pensar sobre o documento 85 e o Setor. No dia 30 de outubro realizar-se-ia uma Jornada da Juventude. A diocese de Passo Fundo foge da pergunta. A diocese de Vacaria informa que há uma coordenação formada por dois jovens de cada grupo existente, um grupo de assessores e dois representantes da Catequese Crismal. Vicariatos: Guaíba diz que está-se organizando e os outros não se pronunciam.
No Inter-Sul, em Rio Grande um diz que isso é coisa para o “centro”, mas outro fala que tem reuniões periódicas com os coordenadores de cada movimentyo e Pastoral da Juventude. Importante a Jornada Diocesana da Juventude.Bagé diz, simplesmente, que não há.

No Inter-Leste, a começar por Osório, há bastante desintegração.Mas realizaram-se vários encontros discutindo a evangelização e também o Setor, com o bispo presente e apoiando. Porto Alegre concorda com a necessidade do Setor.Caxias se resume em dizer que o Setor existe e que o DNJ é realização do Setor.

No Inter-Centro, S.Cruz do Sul quase não comentam, mas dizem que está em fase de construção e articulação.O mesmo diz a diocese de Uruguaiana. Aparentemente, mais entusiasmada é Santo Angelo. Reuniões bimensais com 11 experiências.Cruz Alta até fala de coordenação.

B. As respostas para a segunda questão foram as seguintes:

1. que haja um responsável nomeado: 27 = 31,3%;
2. que haja um responsável jovem eleito pelos jovens e reconhecido pela igreja: 20 = 23,2%;
3. que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a): 23 = 26,7%;
4. que haja um grupo representativo das experiências, com tempo determinado, indicado pelas experiências: 16 = 18,6%.

Qualquer leitura dos dados é um atrevimento. Que significaria que haja um responsável nomeado, a resposta mais intensa? Estar-se-ia longe da verdade se se dissesse que se espera uma solução de cima? E por que seria tão importante um responsável nomeado? A segunda resposta mais forte diz que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a). Resposta democrática, dentro da pedagogia da presença do/a assessor/a? Parece ser uma atitude eclesiástica bastante comum. A terceira resposta, em quantidade, é aparentemente a mais “juvenil”, mas a concentração se dá, novamente, não no coletivo, mas numa pessoa. A quarta resposta, o que poderia dizer ou deixar a entender? Seria demais se se dissesse que não se confia nas experiências. São, contudo divagações, mas retrata o espírito reinante nas respostas.

16. Curiosidades. Perguntava-se: Para se ter uma informação sobre as diversas experiências existentes de evangelização da juventude (não citando o doc. 85 da CNBB, quais seriam as três obras (livros, subsídio...) das experiências, mais significativas a serem consideradas?

a) A questão era simples. Poder-se-ia esperar 219 sugestões de livros e subsídios, mesmo que alguns repetidos. O que temos, contudo, são 23 títulos, 9 nove repetidos; b) todos os títulos que sentiram o favor, de fato da evangelização da juventude através das diversas experiências existentes, só a Associação Juvenil Salesiana traz quatro vezes o Itinerário da AJS. Nada de outro movimento. Obras, diretamente da Pastoral da Juventude, aparecem onze; c) Obras oficiais da Igreja Latino-Americana citadas são Medellin, Puebla, Santo Domingo (não se cita Aparecida), Civilização do Amor aparece duas vezes, o Marco Referencial da PJ/RS aparece 05 vezes, aparecem, igualmente, o Marco Referencial da PJE bem como o arco Referencial da PJ (2 vezes); d) Revistas citadas são o Jornal Mundo Jovem ( 3 vezes),a Revista Missão Jovem (2 vezes) e a Revista Rainha (2 vezes); e) autores de livros diretamente sobre evangelização da juventude que são citados são Jorge Boran, Hilário Dick, J.Batista Libânio e Dom Dadeus; f) Obras didáticas que aparecem são Grupos de jovens e vocacionais e Na trilha do grupo de jovens.

Apesar de que o que aí vai ter seu valor e seu peso, não se pode negar uma pobreza inesperada. O mais dramático, contudo, é que das 73 foranias, 40 não enviaram nenhuma sugestão, isto é, 54,7%. Estamos frente a uma ignorância que assusta. A desculpa poderia ser que os respondentes não trabalham com evangelização da juventude? Outro sintoma que é preciso recordar é o silêncio quase total dos movimentos com relação à bibliografia mínima. Ou só a Bíblia basta ou se guardam os segredos só para os iniciados. Isso facilita o objetivo que um trabalho mais conjunto que o Setor sonha?


CONCLUSÃO

1. Dizíamos, no começo de nosso estudo, que ele seria não só bonito nem só feio, mas que seria como a realidade: bonita e feia. Chegando à conclusão dos dados que nos foram oferecidos, em primeiro lugar, temos que agradecer o que as respostas conseguiram dizer. Pena que nem todas as dioceses responderam; teria dado uma visão mais completa, apesar de a percentagem do recebido é suficiente para dizer que estamos ante dados com os quais não se pode brincar. Confessamos que os maiores “sustos” vieram de onde não esperávamos... Citaríamos a ausência da memória histórica, a pobreza do conhecimento bibliográfico, a falta de estudo sobre juventude, os silêncios de informes, a falta de transparência, a paulada daquilo que chamamos de “curiosidades”.

2. Prosseguimos crendo que, no trabalho com a juventude, é fundamental saber perceber o que está emergindo. Aqui procuramos perceber não tanto o emergir, mas o “ver” como está a evangelização da juventude na Igreja do Sul 3. O questionário enviado às foranias através das dioceses, sob a supervisão dos encarregados do Setor da Juventude do Sul 3 procurou cumprir sua missão com muita dedicação e esforço. Se faltaram respostas, sempre há desculpas, mesmo que elas não sejam proferidas. Assim como há delicadezas, há truculências; assim como há vontade de ajudar, há também o gosto estranho de estragar a festa; assim como há abertura, vontade de caminhar juntos, há evidentes faltas de transparência, autoritarismos, fechamentos – talvez descrença em vez de encantamento.

3. Com relação à evangelização da juventude a Igreja do Sul 3, além de outros aspectos, a Igreja não está em paz. As respostas revelaram o que já chamamos de “bolsões de discórdia”. Estes “bolsões” significam agressões, omissões, vontade de esconder dados, falta de transparência, truculências com lideranças (jovens e adultos), autoritarismo. Muito mais questão de adultos do que de jovens. Muitas vezes um discurso de pura rejeição. Até rejeição de querer saber, realmente, a diferença. Ausência de vontade de diálogo. Falta de estudo. São “bolsões” onde o próprio estudo ou aceitação do “documento 85” não repercute. Não repercute porque, no fundo, reconhece que – para ser como Igreja – deveria caminhar diferente, ter outra pedagogia, ter outras crenças, ter outro olhar para a juventude. Diz-se que se faz o que lá vai afirmado, mas sabem que não é verdade. Parece, até, por vezes, que alguns pastores aprovaram o que não queriam ter aprovado. Não passa na cabeça de adultos (padres e hierarquias) que o Espírito Santo também trabalha na juventude.

3. Os “bolsões de discórdia” têm dificuldade de se encontrar com os “bolsões críticos”. Os “bolsões críticos” se encarnam numa juventude que procura aprender a vivenciar o poder que mora nelas, o empoderamento, a autonomia e, por isso, critica, não aceita de cabeça baixa, não é submissa, erra no relacionamento, se revolta, abre a boca mas, por outro lado, procura ler, articular-se, sente falta de apoio, sente-se não acolhida etc. Por um lado, são lideranças muito jovens, na maioria ainda na adolescência, mas por outro lado, também, os “bolsões críticos” são formados por adultos, descaradamente rejeitados porque sabem discutir “evangelização da juventude”, “juventude”, “pedagogia”, escrevem, são transparentes, não se deixam “amedrontar”, sabem que estão em outro cenário de Igreja, sabem que um tempo foram hegemonia e nem sempre puderam valer-se disso da melhor forma, mas também percebe que a hegemonia que está vicejando é profundamente autoritária, centralizadora, carregada de economias interessadas. Revolta-se com a manipulação, com o desprezo à Teologia da Libertação, com a criminalização das pastorais sociais, com a valorização dos eventos e não dos processos, com a falta de profecia, com o esquecimento do pobre. As críticas recebidas não são de “argumento”, são de “autoridade”. Enfim, o ambiente é de um conflito profundo.

4. Falar de “Setor da Juventude”, neste contexto, tanto em nível regional como diocesano é muito complicado. Parece que, tanto em nível nacional como em regional, o “Setor” quer ser introduzido a “toque de caixa”, de cima para baixo, sem levar em consideração a realidade, sem respeitar o que há etc. O quadro da realidade dos grupos de jovens que a pesquisa revelou, vai incomodar muito. Nem se chega a perguntar se, neste contexto, o setor é a solução. Ter que admitir que a hegemonia, em grupos, ainda está no “outro lado”, do lado dos quais não se gosta porque ainda acreditam em fé comprometida com a realidade, em fé que se traduz em romarias não só padroeiras, mas de problemas do povo, etc. Dar-se conta que o problema não é o “setor”, como tal, mas a forma como se leva o Setor, não é fácil. Dar-se conta que a maneira como o próprio Setor está sendo experienciado não tem quase nada a ver com a proposta do Documento 85, exige muita humildade. Quem vai reconhecer que o estudo da juventude é realmente uma lacuna no clero, nos adultos, nos movimentos e nas próprias pastorais. Que fundamentos poderá ter, assim, qualquer Setor da Juventude? A pergunta que fica engasgada em todos os dados que vimos refere-se, enfim, ao encanto com a juventude.

A falta de encanto relaciona-se, também, à falta de memória: em nosso caso, memória da própria caminhada da Igreja, do Sul 3, já feito com a juventude. Caminhada linda. Por isso a questão que fizemos, na leitura de chamar certa atenção ao que acontecia no ano 2000, ao aparente esquecimento de algo muito concreto que foram e são as, por exemplo, as Escolas de Juventude, o que foi, durante 30 anos, uma obra da Igreja do Sul 3, como foi o Instituto de Pastoral da Juventude, com tudo que significou em formação, assessoria e pesquisa. São exemplos que precisam ser recordados porque não se pode negar que há um “trator” com vontade de enterrar tudo isso. Não se trata de olhar simplesmente para trás, mas de aprender do passado. O que parece estar ameaçando é a vontade de enterrar uma memória que não se deixa enterrar. Pode-se silenciar, mas não matar. E isso se relaciona com maus tratos à experiência que saiu e sai das entranhas mais profundas da Igreja comunidade, sem a intermediação de “fundadores”, mas que é simplesmente a vontade doida de ser comunitário, coletivo, participativo, autônomo, organizado (e não comandado), acompanhado (e não controlado), cuidado (e não vigiado).

5. Caminhos de solução que brotam no meio desta pesquisa, encontramos quando se perguntava O que você considera como mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou na área pastoral)? 1) investir na formação; 2) investir com mais ajuda financeira; 3) preparar e apoiar agentes que tenham vocação para este serviço; 4) apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem; 5) deixar como está; 6) liberar (dar condições) para adultos e jovens para o serviço da evangelização da juventude; 7) cada experiência deve resolver isso. As respostas são profundamente significativas. Todos se lembram que a afirmação mais forte, contudo, é apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem. A Igreja do Sul, no serviço da evangelização da juventude, precisa viver uma grande reconciliação. Os “bolsões de discórdia” precisam ser exterminados. O problema não são os jovens; o problema é o todo, provocado por adultos e “autoridades” sejam elas pastorais, teológicas ou ideológicas. O desafio é a falta de estudo sobre juventude e evangelização; a falta de curiosidade científica sobre juventude; a falta de interesse. A juventude deixou de ser uma “causa”: não há investimento, não há tempo, não há acolhida, parece que se perdeu, na Igreja, em suas diversas expressões, a paciência de ser mãe e educadora. O perigo é querer refugiar-se no investimento na adolescência.
Hilário Dick.